quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Arte e escatologia, fezes é epistemologia


Privadas sujas mal lavadas
Previnem as cuecas e as calcinhas de freadas
Nelas, ricos e pobres, todos sentam
É só uma questão de necessidade
Basta ver nos banheiros espalhados pela cidade
Não há classe quando se caga
Nas filas não sobram vagas
Mijar-se tão pouco, quiçá nas calças
É fétido é podre, ninguém suporta
Mas, para aliviar-se nada disso importa
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Objeto de adorno para Marcel
Não levou sua arte para o céu
Nada pior que Manzoni, o herético
E sua arte do coco mimético
Transformaram o tal excremento
Dele foi feito um fabuloso invento
Da narrativa suja do Fonseca
Cujos contos fedem mais que merda seca
-

Banheiros à vista,
O lugar da solidão
Compartilho com meu miasma
A dor violenta sem perdão
Me espremo feito grávida
Mas, do contrário, de lá não tiro vida
Apenas a merda processada do alimento que foi um dia

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