quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Das flores às dores


No início tudo são flores, não importa o lugar, estar com a pessoa amada é o que de fato interessa. Nessa fase, a inicial, o iconoclasta visita o Museu de Artes, o misantropo participa de festinhas, a patricinha se rende ao pagode e a cult vai ao cinema para assistir Rambo IV, enfim, os gostos se misturam e se tornam um. Contudo, passado o tempo da identificação, em que o casal pensa conhecer um ao outro, é que as verdadeiras personalidades surgem.



Um quer ir ao cinema do shopping, outro ao “Belas Artes”, um quer ir ao concerto, outro ao show de axé, um só come pratos tipicamente brasileiros, outro adora sushi. Entramos na fase seguinte, já não dissimulamos as nossas vontades e gostos. Como sobreviver a essa fase juntos? Podemos pensar em pelo menos dois caminhos, o meio termo e a alternância.



Entre comédia e romance, que tal a comédia-romântica, para substituir o rock pesado e o sertanejo, poderíamos decidir pela música pop, no entanto, qual seria o meio termo entre boate e igreja? Certamente não haveria, ou seja, nem sempre acharíamos um meio termo para as coisas, ou ambientes, nesse caso, o melhor seria ficar em casa e não fazer nada, curtir juntos o tédio.



Talvez, a melhor opção para que um relacionamento possa fluir é mesmo alternância, mas nesse caso a entrega de um ao outro deve ser maior. Seria catastrófico levar a namorada num teatro e ela passar o tempo todo brincando de joguinho no celular, ou levar o namorado numa exposição de Rodin, e este passar apressado pelas obras cronometrando o tempo no relógio, louco para sair correndo.



Ainda poderíamos pensar em lugares que dificilmente traria discórdia. Imaginemos uma pracinha de bairro, passar a tarde contemplando o nada, brincar no coreto, rir, falar bobagem, beijar, lógico, e ter como objeto de admiração apenas o seu par. Seria algo completamente idílico, beirando ao onírico. Daí, continuemos a imaginar, bem no meio do clímax, o homem perguntaria para a sua amada - “querida, quer sorvete?” – ela responderia - “você está louco? Sabe que gosto é de pipoca!” – ele devolveria a gentileza – “nesse calor você quer pipoca, louca é você!” - seria o fim da paz reinante, uma prova de que o lugar pouco importa, as diferenças mais cedo ou mais tarde afloram, o segredo está em como lidar com elas, a busca por um convívio harmonioso, afinal, se estão juntos é porque se amam e se amam, é bom aprender novos estilos de vida.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A hora do TCC






Os alunos de ensino superior, desde os primeiros períodos acadêmicos, começam a sofrer um mal que, invariavelmente, atinge 100 a cada 100 estudantes, a síndrome do pânico de TCC. Os sintomas causados pelo TCC são: mente embaralhada, muita transpiração, pouca inspiração, mania de perseguição e muita sonolência. As conseqüências variam de loucura sazional à morte excessiva de neurônios, ou até o mais grave, loucura permanente com morte de todos os neurônios, um quadro irreversível e incomum, mas que já fez vítimas famosas:




O aluno de jornalismo André Hemétrio de Alcântara, 32, ainda não chegou na pior fase da síndrome, mas como muitas idéias e poucas definições sente que está próximo do inevitável. O estudante é um amante do futebol, se diz atleticano mas desfila pelos corredores da faculdade onde estuda de vascaíno, um ascetismo congênito e degenerativo. Essa paixão tem o conduzido a escrever sobre futebol.

André, que além de estudante é professor de história, planeja usar a antiga coleção de revistas "Placar" do pai para traçar a evolução do futebol, mais precisamente nas categorias de base do Atlético. Ainda falta um bom bucado para o ipatinguense André entrar na pior fase do TCC, mas a confusão mental já é evidente.



O TCC, trabalho de conclusão de curso, permite ao aluno, ao concluir sua pesquisa, viver um dos extremos, o céu ou inferno, a idiotice ou genialidade. O certo é a loucura no percurso.




Leia também "Crítica de cinema" em http://www.jornalismoautocritico2.blogspot.com/