quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Re-fricções filosóficas

O que mais me atrai em Hamlet é a tresloucada cena metafórica do “to be, or not to be, that is the question”, a menos piegas das indagações epistemológicas.
Me pergunto se todo o homem (digo homem espécie, ou seja, homem e mulher) no seu âmago não carrega em si essa interrogação, somos, ou estamos?
Ser nos diz sobre algo extremamente enrijecido, algo que é imutável, o que o homem não é. No livro de Êxodos, no capítulo 3, Deus fala a Moisés, “EU SOU O QUE SOU”, mais a frente Ele reforça, explicando como Moisés deveria referir-se a ele, “EU SOU me enviou a vós outros”. Ou seja, a Bíblia diz que apenas um tem a capacidade de ser, e este Um é Deus, ele é imutável, “o mesmo hoje, amanhã e sempre...”
Agora, digamos que os evolucionistas, descrentes, discordem dessa premissa e que com questionamentos antropomórficos duvidem da deidade do Deus bíblico, dessa forma, negando seu caráter imutável. Daí recorremos ao próprio Darwin. Em “A origem das espécies”, Darwin faz um minucioso relato da evolução das espécies, onde por fim chega ao homem, ou seja, há uma transmutação, tirando toda e qualquer idéia de ser, mas reforçando a transição, em síntese, chegamos e estamos na fase humana, porém, podemos evoluir mais, isso, logicamente, no pensamento darwinista.
“Estar” também nos parece algo complicado, por exemplo, seguindo essa lógica, hoje vivenciamos a quebra paradigmática do modelo cristão de sexualidade. Alguém nasce homem, mas resolve transformar-se, nega sua natureza e se torna uma mulher, ou, pseudo-mulher. Se “estamos” podemos estar qualquer coisa, correto? Estaríamos fazendo um silogismo se acatássemos mais essa interrogação positivamente, contudo lembremo-nos que Deus, em Gêneses, criou homem e do homem, a mulher, sem que houvesse um meio termo, ou um extra-termo. Imutáveis, não, não somos, contudo temos uma natureza inerente a nossa espécie e nem mesmo Darwin poderia crer numa evolução do homem que não fosse natural.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Arte e escatologia, fezes é epistemologia


Privadas sujas mal lavadas
Previnem as cuecas e as calcinhas de freadas
Nelas, ricos e pobres, todos sentam
É só uma questão de necessidade
Basta ver nos banheiros espalhados pela cidade
Não há classe quando se caga
Nas filas não sobram vagas
Mijar-se tão pouco, quiçá nas calças
É fétido é podre, ninguém suporta
Mas, para aliviar-se nada disso importa
-

Objeto de adorno para Marcel
Não levou sua arte para o céu
Nada pior que Manzoni, o herético
E sua arte do coco mimético
Transformaram o tal excremento
Dele foi feito um fabuloso invento
Da narrativa suja do Fonseca
Cujos contos fedem mais que merda seca
-

Banheiros à vista,
O lugar da solidão
Compartilho com meu miasma
A dor violenta sem perdão
Me espremo feito grávida
Mas, do contrário, de lá não tiro vida
Apenas a merda processada do alimento que foi um dia

O bom machado

Aquele que corta
Na música, a nota
Não raro denota
Ar retumbante, tercina
Como se fosse minha eterna sina
Se não se faz se ensina
-
O próprio editor
Quando me poda, um malfeitor
Na hierárquia, meu senhor
-
Na escola havia o emblemático
O professor lunático
Nunca me permitia ficar estático
-
Não me esqueço do “empata”
Mesmo atrás da mata
Invadia bem no arremata
-
Militarmente lembrar-se-á o sargento
Agindo feito marido ciumento
Despótico, eternamente rabugento.
-
Sempre haverá o tal…
o velho e bom machado.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Espaço público na privada

Desde a última terça-feira as duas maiores emissoras de televisão do Brasil, Globo e Record, resolveram lavar a roupa suja no ar. Como pano de fundo para as denúncias está mais que evidente que a briga pela audiência é que determina os rumos dessa guerra televisiva.

O embate começou com a Rede Globo ao exibir no Jornal Nacional do último dia 11 uma reportagem de aproximadamente dez minutos que incriminava o Bispo Edir Macedo, lider na Igreja Universal e presidente do Grupo Record, por lavagem de dinheiro. Segundo a reportagem, o Bispo usaria a TV para lavar o dinheiro arrecadado pelos fiéis da igreja.

Um dia depois veio o troco no Jornal da Record com uma matéria de quase 15 minutos apresentando o passado sujo da emissora carioca. A principal denúncia é de que a Globo teria sido aliada do governo militar durante a ditadura e que por isso se absteve na campanha "Diretas Já".

Anne Paiva, estudante de comunicação social, disse que é telespectadora assídua da Rede Globo, mas que nem por isso deixa de perceber que a emissora carioca é quem tem provocado o embate, segundo ela, por medo de perder audiencia.

"É uma tremenda bobagem", assim classificou Ubiratã Teixeira, diagramador do Jornal Aqui, a briga entre as principais emissoras da TV brasileira.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A velha história da dominação


A dominação, segundo Max Weber, se dá por três vias, legal, tradicional e carismática. Na última quinta-feira, dia 13, no jogo Atlético e Palmeiras, pudemos comprovar que Weber ainda não foi ultrapassado (tampouco será), muito pelo contrário, a práxis é weberiana.
No houve teórico que ousasse se opor a dominação hegemônica de São Paulo sobre Minas Gerais, trata-se de uma tradição.
O penálti que o Atletico não converteu não foi mais por incompetência do atacante do que por trapaça do goleiro palmeirense. Este saltou no mínimo uns dois metros em direção a bola (antes que fosse cobrada a penalidade), o que seria, em outras hipóteses, invalidada a cobrança e repetida.
Contudo lembremo-nos, existe uma tradição futebolística, em dúbio, pró São Paulo, afinal, eis nosso dominador.